quinta-feira, 22 de março de 2012

Pré-Modernismo

Pré-Modernismo - resumo, prosa, poesia, autores, dicas e questão comentada


Período de transição entre as estéticas do século 19 e o Modernismo, o Pré-Modernismo não constitui uma estética literária, mas busca novo caminho para a literatura brasileira, usando diversidade de temas e de abordagens. Seus temas voltam-se a questões sociais e ao positivismo. Sua linguagem oscila entre rebuscamento e coloquialismo.
Com o que ficar atento?
Durante o Pré-Modernismo coexistiram tendências conservadoras e renovadoras, por isso o período envolve grande diversidade de autores e gêneros, na prosa e na poesia.

Prosa: aqui destacam-se três autores: Euclides da Cunha (1866 - 1909), autor de Os Sertões, com seu estilo barroco, marcado pela interpretação cientificista dos fatos; Lima Barreto (1881 - 1922), autor de Triste fim de Policarpo Quaresma, cuja ficção traça um quadro fiel do cotidiano nos subúrbios do Rio de Janeiro; e Monteiro Lobato (1882 - 1948), criador do Sítio do Pica-pau Amarelo e do Jeca Tatu, que apresenta em suas obras a realidade nacional despida de embelezamentos ufanistas.

Poesia: destaca-se Augusto dos Anjos (1884 - 1914), que combina elementos parnasianos, simbolistas e expressionistas a uma preocupação formal que demonstra certo exagero e deformação expressiva.
Questões:

Como pode cair no vestibular?

A construção de um Brasil literário correspondente ao Brasil real - através da aproximação entre literatura e realidade - foi uma das principais preocupações dos Pré-Modernistas e pode ser explorada em questões sobre o panorama histórico-cultural da época.

Como já caiu no vestibular?

(UFRGS) No prefácio da primeira edição de Urupês, diz Monteiro Lobato:

"E aqui aproveito o lance para implorar perdão ao pobre Jeca. Eu ignorava que eras assim, meu Tatu, por motivo de doença. Hoje é com piedade infinita que te encara quem, naquele tempo, só via em ti um mamparreiro de marca. Perdoas?"

A partir deste fragmento, considerando o contexto do artigo "Urupês" e a trajetória intelectual de Lobato, responda:

a) O que significa 'mamparreiro' - termo corrente no norte do Brasil?
b) O que Lobato descobre em relação à natureza física e mental do caboclo brasileiro, assim como à sua condição histórica e política, que lhe permite fazer esta auto-crítica ainda em 1918?
Gabarito

Resposta correta:
a) vadio, preguiçoso.
b) Para Lobato, então fazendeiro no interior paulista, a explicação para a apatia, a indolência e a incapacidade produtiva do Jeca encontrava-se nas facilidades de sobrevivência proporcionadas pela mandioca, milho e cana.
Comentário: A posição de Monteiro Lobato é contrária às teses raciais e climáticas que reduziam as condições precárias do trabalhador do campo a uma condição inerente e inata.


Romantismo em Portugal : Almeida Garret

  (Título com o link da obra)
Autoria: Almeida Garrett
Data de publicação: 1825
Local de publicação: Paris

Poema lírico-narrativo, datado do primeiro exílio de Garrett, considerado a primeira obra romântica da literatura portuguesa, que aborda episódios da vida do poeta Luís de Camões relacionados com a composição e a publicação da epopeia Os Lusíadas (Link da obra no título). No prefácio, Garrett afirma não ter obedecido "a regras nem a princípios", não ter consultado "Horácio nem Aristóteles" e, demarcando-se de qualquer escola literária ("não sou clássico nem romântico; de mim digo que não tenho seita nem partido em poesia"), confessa ter seguido apenas "o coração e os sentimentos da natureza". Abrindo com a célebre invocação à "Saudade! Gosto amargo de infelizes,/ Delicioso pungir de acerbo espinho," e retratando um Camões desterrado, cantor idealista e desgraçado de uma pátria exangue, com o qual o autor se identifica, o poema surge como a obra emblemática e fundadora do Romantismo português, como salienta Teófilo Braga ("Garrett e a sua obra" in Obras Completas de Garrett): "Nesses dois poemas, Camões e D. Branca, o desolado proscrito fundava uma era nova da literatura portuguesa, acordando na nacionalidade o alento de sua tradição e relacionando o seu espírito com a nova corrente de idealização estética do romantismo."
Só entre 1825 e 1880 a obra teve sete edições, sem contar com as edições brasileiras e apócrifas.




O Anjo Caído
 

Era um anjo de Deus 
Que se perdera dos céus 
E terra a terra voava. 
A seta que lhe acertava 
Partira de arco traidor, 
Porque as penas que levava 
Não eram penas de amor. 
O anjo caiu ferido 
E se viu aos pés rendido 
Do tirano caçador. 
De asa morta e sem esplendor 
O triste, peregrinando 
Por estes vales de dor, 
Andou gemendo e chorando. 
Vi-o eu, n anjo dos céus, 
O abandonado de Deus, 
Vi-o, nessa tropelia 
Que o mundo chama alegria, 
Vi-o a taça do prazer 
Pôr ao lábio que tremia 
E só lágrimas beber. 
Ninguém mais na terra o via, 
Era eu só que o conhecia 
Eu que já não posso amar! 
Quem no havia de salvar? 
Eu, que numa sepultura 
Me fora vivo enterrar? 
Loucura! Ai, cega loucura! 
Mas entre os anjos dos céus 
Cantava um anjo ao seu Deus; 
E remi-lo e resgatá-lo, 
Daquela infâmia salvá-lo 
Só força de amor podia. 
Quem desse amor há-de amá-lo, 
Se ninguém o conhecia? 
Eu só, – e eu morto, eu descrido, 
Eu tive o arrojo atrevido 
De amar um anjo sem luz. 
Cravei-a eu nessa cruz 
Minha alma que renascia, 
Que toda em sua alma pus, 
E o meu ser se dividia, 
Porque ela outra alma não tinha, 
Outra alma senão a minha... 
Tarde, ai! tarde o conheci, 
Porque eu o meu ser perdi, 
E ele à vida não volveu... 
Mas da morte que eu morri 
Também o infeliz morreu. 



Assista ao vídeo sobre uma das obras do Autor.  


 

9º Ano Teatro - O Pescador


O PESCADOR:
Há ! Que susto! Quem é você?

VITÓRIA REGIA:
Porque se assustou? Sou tão feia assim?

PESCADOR:
Há não, você é a coisa mais linda que já vi! É que eu estava despercebido e não vi você chegando.

 VITÓRIA REGIA:
é que eu sou a guardiã deste rio, e tenho que andar em silencio para ver se não estão  poluindo as águas e matando os animais.

PESCADOR:
Meu pai viveu a vida toda a beira deste rio e sempre contou sobre a Vitória Régia, mais como uma flor.

VITÓRIA REGIA:
E como você está me vendo?

PESCADOR:
A moção mais bela que já vi em toda a minha vida, é que já vi muitas moças bonitas em.

VITÓRIA REGIA:
Olhe este é o nosso segredo, ninguém jamais me viu assim, sós pessoas de coração bom que consegue ver-me realmente.

PESCADOR:
Esta bem minha princesa sou a pessoa mais feliz do mundo e prometo cuidar deste rio e dos animais.


VITÓRIA REGIA:
Até agora não disse seu nome.

PESCADOR:
Há sim deixe me apresentar, meu nome é Joãozinho.

VITÓRIA REGIA:
Esta bem Joãozinho, estarei sempre aqui, prometa que só vai caçar e pescar para comer, nunca poluir este rio. Adeus amigo.

PESCADOR:
Meu como pode! Uma flor transformar-se em uma mulher tão bela.


PESCADOR:
Que barulho de motor é este? Vou chegar mais perto para ver o que é.

GARIMPEIROS:
Vai pessoal, trabalhem, temos que tirar pelo menos um quilo de ouro por mês.

GARIMPEIROS EMPREGADOS:
Senhor, o Mercúrio está  poluindo o rio e matando os animais.

 GARIMPEIROS:
Deixe de besteira homem trabalhe, o que nos importa é o ouro, o resto que se dane.

PESCADOR:
Bom dia, o que vocês estão fazendo com o rio? Estão matando todos os animais, como vou fazer para viver, tanto eu como estes animais dependem desta água para viver.

GARIMPEIROS:
Há homenzinho vai caçar o que fazer. O que tenho eu com sua vida e com estes animaizinhos.

PESCADOR:
Vocês não vão matar meus amigos, não vou deixar nem pra isto tenho que dar minha vida.

GARIMPEIROS:
O que vai fazer? Vai chorar? Pessoal pegue este homenzinho, amarre bem ele e jogue para as piranhas.


PESCADOR:
Meu Deus, uma Sucuri! Ela vem vindo ao meu encontro, vou ser devorado.

SUCURÍ:
Calma Joãozinho, não vou fazer nada com você, vim te salvar, mas vou dar-lhe uma pequena mordida e você será como eu, uma sucuri e defenderá junto comigo este rio.


PESCADOR:
Meu Deus estou virando cobra mesmo, que sensação estranha, posso respirar dentro da água.

GARIMPEIROS:
Vejam uma sucuri! Ela deve ter engolido aquele idiota.

JOÃOZINHO O SUCURI:
Vitória Régia,amiga, ajude-nos, estes malditos garimpeiros estão matando os animais e poluindo o rio.

VITÓRIA RÉGIA:
Tenha calma meu amigo, até que você se transformou em uma linda cobra, agora nos vamos formar um trio de defensores deste rio.

JOÃOZINHO O SUCURI:
Quem é este outro ai? Quero dizer este Sucuri?

VITÓRIA RÉGIA:
Há sim, deixe-me o apresentar, este ai também é um dos pescadores que os garimpeiros no passado fizeram o mesmo com ele e eu o transformei nesta Sucuri.

SUCURI:
E daí bela flor o que vamos fazer com aqueles garimpeiros?

VITÓRIA RÉGIA:
Prestem bem atenção é  simples, eu apareço para eles e você dão um susto neles, olhem não precisam matarem por enquanto ok.

GARIMPEIROS:
Olhem que moça linda! De onde você veio princesa? Veio nos ajudar a procurar ouro?

VITÓRIA RÉGIA:
A não! Eu vim expulsar vocês deste rio.

GARIMPEIROS:
Olhem pessoal que gracinha esta coisa mais linda disse que vai nos expulsar daqui. O que vocês acham?

VITÓRIA RÉGIA:
Bem eu sou só uma linda moça mas meus amigos estes sim vão acabar com vocês.

GARIMPEIROS:
Há é. E quem são seus amigos? Não vejo ninguém.

VITÓRIA RÉGIA:
Olhem atrás de vocês.

GARIMPEIROS:
Fuja pessoal, são duas enormes Sucuris, fujam.

OS DEFENSORES DOS ANIMAIS DO RIO:
Estes nunca mais voltam aqui. Olhem amigos vocês agora são os guardiões deste rio, se alguma coisa acontecer é só chamar, venho correndo ajuda-los ok.

Autor: João do Rozario Lima. Filho de Athaydes Martins de Lima e Zita do Rozario Lima. Nasceu e São Gabriel da Palha no Estado do Espirito Santo. Graduado em Pedagogia e Pós Graduado em Psicopedagogia Clinica e Institucional. Atua como Professor das Séries Iniciais no Municipio de Seringueiras no Estado de Rondonia.

Fonte   

segunda-feira, 19 de março de 2012

sexta-feira, 16 de março de 2012

Informações explícitas e implícitas no texto - 9º Ano 1º Bimestre

Informações  explícitas e implícitas

   Faz parte da  coerência, trata-se da inferência, que ocorre porque tudo que você produz como mensagem é maior do que esta escrito, é a soma do implícito mais o explícito e que existem em todos os textos.
Em um texto existem dois tipos de informações implícitas, o pressuposto e o subentendido.
     O pressuposto é a informação que pode ser compreendida por uma palavra ou frase dentro do próprio texto, faz o receptor aceitar várias idéias do emissor.
      O subentendido gera confusão, pois se trata de uma insinuação, não sendo possível afirmar com convicção.
A diferença entre ambos é que o pressuposto é responsável pelo emissor e a informação já está no enunciado, já no subentendido o receptor tira suas próprias conclusões.

Fonte

Elementos do Processo de Comunicação, Funções da Linguagem e Figuras de Linguagem 9º Ano e 1º Ano --1º Bimestre

 Funções da Linguagem , Ortografia e Acentuação

No ato de comunicação, percebemos a existência de alguns elementos, são eles:

a) emissor: é aquele que envia a mensagem (pode ser uma única pessoa ou um grupo de pessoas).
b) mensagem: é o contéudo (assunto) das informações que ora são transmitidas.

c) receptor: é aquele a quem a mensagem é endereçada (um indivíduo ou um grupo), também conhecido como destinatário.
d) canal de comunicação: é o meio pelo qual a mensagem é transmitida.

e) código: é o conjunto de signos e de regras de combinação desses signos utilizado para elaborar a mensagem: o emissor codifica aquilo que o receptor irá decodificar.
f) contexto: é o objeto ou a situação a que a mensagem se refere.
Fonte






Elementos da Comunicação
Funções da Linguagem
contexto (referente)
referencial
remetente
emotiva
mensagem
poética
destinatário
conativa
contacto (canal)
fática
código
metalingüística



Dramatização ( Expressão corporal) - 9º Ano 1º Bimestre


Sugestão para orientar este tipo de trabalho:

1)
HISTÓRIA
Em primeiro lugar, o grupo precisa conversar para decidir qual será a história da peça. Existem várias possibilidades: pode ser baseada num livro ou filme, numa história real que se encaixe no tema proposto, ou até numa mistura destas coisas.

2)
PERSONAGENS
Depois de definir a história, (começo, meio e fim), hora de criar os personagens de acordo com o número de pessoas. É muito simples. Geralmente existem os papéis principais (para os mais desinibidos, que falam melhor etc) e os papéis secundários. Dá para criar muitos personagens em torno do tema principal (um vendedor de rua, uma vovó tricotando na sala, duas crianças jogando bola etc)
Quem não quiser entrar em cena pode ficar nos bastidores, cuidando do som, do cenário, coisas assim.

3)
NO PAPEL
Sabendo a história e personagens, escolham as pessoas do grupo que têm mais facilidade e habilidade para escrever. Elas vão colocar as ideias no papel. Começa a surgir o texto da peça.

4)
A PEÇA
Este texto vai orientar todo mundo: atores, criadores dos cenários, figurinos, sonoplastas (que cuidam dos sons e músicas).
Aqui vai uma receita do modo de fazer: imagine algo acontecendo de verdade. Feche os olhos e pense em todos os detalhes. Você precisa descrever isto para que alguém veja exatamente o mesmo que você. Não bastam os diálogos. Precisa mostrar que cara os atores fazem, os sons externos etc.

5)
CÓPIAS PARA TODOS
Depois de pronta a peça, cada membro do grupo recebe uma cópia completa.
Cada um vai destacar a sua parte (com caneta marca texto, por exemplo, ou lápis de cor)

6)
LEITURA DA PEÇA
Cada um com sua cópia, reunião para leitura da peça. Cada personagem fala seus diálogos na ordem certa, como se estivessem em cena.
Nesta hora, todo mundo pode sugerir alguma mudança, uma ideia de piadinha, de roupa ou música. Para não gastar muito papel, todos anotam as mudanças ali mesmo, se possível. Ou é feita uma nova versão, de novo com cópias para todos.

7)
ENSAIOS
Hora de ensaiar a peça. Os atores decoram suas falas, mas não palavra por palavra. O importante é saber o conteúdo da fala pra não parecer tão decorado, sem expressão.
Daí o grupo marca ensaios, enquanto são feitos os cenários e roupas, por exemplo.

Aqui, exemplo de uma pequena peça.



Fonte: Blog Divertudo

quinta-feira, 15 de março de 2012

Variações Linguísticas - 9º ano e 1º Ano - 1º Bimestre

O modo de falar do brasileiro



      Toda língua possui variações linguísticas. Elas podem ser entendidas por meio de sua história no tempo (variação histórica) e no espaço (variação regional). As variações linguísticas podem ser compreendidas a partir de três diferentes fenômenos. 

1) Em sociedades complexas convivem variedades linguísticas diferentes, usadas por diferentes grupos sociais, com diferentes acessos à educação formal; note que as diferenças tendem a ser maiores na língua falada que na língua escrita.

2) Pessoas de mesmo grupo social expressam-se com falas diferentes de acordo com as diferentes situações de uso, sejam situações formais, informais ou de outro tipo;
3) Há falares específicos para grupos específicos, como profissionais de uma mesma área (médicos, policiais, profissionais de informática, metalúrgicos, alfaiates, por exemplo), jovens, grupos marginalizados e outros. 
Assim, além do português padrão, há outras variedades de usos da língua cujos traços mais comuns podem ser evidenciados abaixo.


Uso de “r” pelo “l” em final de sílaba e nos grupos consonantais: pranta/planta; broco/bloco.
Alternância de “lh” e “i”: muié/mulher; véio/velho.
Tendência a tornar paroxítonas as palavras proparoxítonas: arve/árvore; figo/fígado.
Redução dos ditongos: caxa/caixa; pexe/peixe.
Simplificação da concordância: as menina/as meninas.
Ausência de concordância verbal quando o sujeito vem depois do verbo: “Chegou” duas moças.
Uso do pronome pessoal tônico em função de objeto (e não só de sujeito): Nós pegamos “ele” na hora.
Assimilação do “ndo” em “no”( falano/falando) ou do “mb” em “m” (tamém/também).
Desnasalização das vogais postônicas: home/homem.
Redução do “e” ou “o” átonos: ovu/ovo; bebi/bebe.
Redução do “r” do infinitivo ou de substantivos em “or”: amá/amar; amô/amor.
Simplificação da conjugação verbal: eu amo, você ama, nós ama, eles ama.




Variações regionais: os sotaques

     Se você fizer um levantamento dos nomes que as pessoas usam para a palavra "diabo", talvez se surpreenda. Muita gente não gosta de falar tal palavra, pois acreditam que há o perigo de evocá-lo, isto é, de que o demônio apareça. Alguns desses nomes aparecem em o "Grande Sertão: Veredas", Guimarães Rosa, que traz uma linguagem muito característica do sertão centro-oeste do Brasil:


Demo, Demônio, Que-Diga, Capiroto, Satanazim, Diabo, Cujo, Tinhoso, Maligno, Tal, Arrenegado, Cão, Cramunhão, O Indivíduo, O Galhardo, O pé-de-pato, O Sujo, O Homem, O Tisnado, O Coxo, O Temba, O Azarape, O Coisa-ruim, O Mafarro, O Pé-preto, O Canho, O Duba-dubá, O Rapaz, O Tristonho, O Não-sei-que-diga, O Que-nunca-se-ri, O sem gracejos, Pai do Mal, Terdeiro, Quem que não existe, O Solto-Ele, O Ele, Carfano, Rabudo.


      Drummond de Andrade, grande escritor brasileiro, que elabora seu texto a partir de uma variação linguística relacionada ao vocabulário usado em uma determinada época no Brasil.


Antigamente

"Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio."


Como escreveríamos o texto acima em um português de hoje, do século 21? Toda língua muda com o tempo. Basta lembrarmos que do latim, já transformado, veio o português, que, por sua vez, hoje é muito diferente daquele que era usado na época medieval.


Língua e status

Nem todas as variações linguísticas têm o mesmo prestígio social no Brasil. Basta lembrar de algumas variações usadas por pessoas de determinadas classes sociais ou regiões, para percebers que há preconceito em relação a elas.


Veja este texto de Patativa do Assaré, um grande poeta popular nordestino, que fala do assunto:


O Poeta da Roça
Sou fio das mata, canto da mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de paia de mío.


Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argun menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.


Meu verso rastero, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.
(...)


Você acredita que a forma de falar e de escrever comprometeu a emoção transmitida por essa poesia? Patativa do Assaré era analfabeto (sua filha é quem escrevia o que ele ditava), mas sua obra atravessou o oceano e se tornou conhecida mesmo na Europa.


Leia agora, um poema de um intelectual e poeta brasileiro, Oswald de Andrade, que, já em 1922, enfatizou a busca por uma "língua brasileira".


Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.


Uma certa tradição cultural nega a existência de determinadas variedades linguísticas dentro do país, o que acaba por rejeitar algumas manifestações linguísticas por considerá-las deficiências do usuário. Nesse sentido, vários mitos são construídos, a partir do preconceito linguístico.

*Alfredina Nery Professora universitária, consultora pedagógica e docente de cursos de formação continuada para professores na área de língua/linguagem/leitura.


Exemplos:











domingo, 4 de março de 2012

Crônica - 9º Ano Escuta Orientada de Crônicas, Poesias e outros Gêneros Textuais



Crônica de um jovem salvo pela literatura!


”Sou quem sou, graças aos livros, se não fossem eles eu estaria à sete palmos abaixo da terra.


Nasci em uma família na qual a leitura vinha em último plano. O máximo que acontecia era um dos meus tios que aos domingos durante o café da manhã abria um jornal, o extinto Diário Popular, e ficava ali a folhear durante horas. Mas isso não durou muito, pois ele acabou ficando desempregado e o primeiro corte de gasto foi o jornal.
Um outro tio que hoje é padre, fora durante alguns anos, coordenador da sala onde estudava e muito amigo dos professores e diretores. Sendo assim, ganhava muitos livros. Às vezes chegava em casa com uma caixa fechada de livros novos. E eu nem aí com nada. Só queria mesmo era saber de empinar pipa, jogar bolinha de gude, rodar pião, brincar, brincar e brincar. Lembro que o primeiro livro ao qual fui obrigado a ler (e não li) foi indicado pela professora de literatura quando eu estava na quinta série. Ela passou o livro no início do bimestre e no fim dele iria dar uma prova.
O tempo foi passando e nada de eu ler o livro. Até que num domingo, que antecedia a prova, eu resolvi pegar no livro, antes, porém, havia perdido a pipa que empinava. Então lá fui eu, naquela tarde calorosa, onde o céu azul era completado pelas pipas e pelos pássaros que voavam no ritmo do vento. Peguei o livro, observei a capa, vi a página de rosto, li a primeira página, passei para a página do meio, e... olhei para um lado e para o outro, fui até a página final, li e fechei o livro satisfeito.
- Bom, dá pra tirar metade da nota. – Pensei sorridente.
No dia seguinte a professora mal deu bom dia e tome-lhe prova. Resultado: não consegui responder nenhuma pergunta. Com isso, eu cheguei a conclusão de que quando se faz algo que é obrigatório, não rende e não se produz nada.
Em 1998 mudamos de Itaquera para Suzano e mesmo assim continuei trabalhando como cobrador de lotação onde eu morava, e pra isso pegava os trens da CPTM às quatro da manhã. Só que três anos depois, chegou um momento que eu não agüentava mais ficar olhando para cara das pessoas dentro do vagão, e não conseguia cochilar. Precisava fazer alguma coisa para passar o tempo, aquilo ali estava ficando um marasmo dos diabos; as pessoas quando não estavam dormindo, ou estavam jogando baralho (e eu até hoje não sei jogar, a não ser o 21 que, muitos conhecem pelo nome de burrinho), ou fofocando ou falando das novelas. E foi então que comecei a prestar atenção em algumas pessoas que liam livros ou riscavam revistas de passatempos. Pedi um livro para o meu tio, que tinha vários debaixo de sua cama. Ele negou dizendo que eu não iria ler, e que iria era estragar os livros.
- Deixa estar, eu dou um jeito – disse para mim mesmo com um riso sarcástico.
E foi quando ele deu uma saída, entrei no quarto e peguei um livro. Comecei a ler no trem apenas para passar o tempo. Alguns dias depois eu já reclamava quando a composição chegava na estação de Itaquera.
- Poxa vida, podia ter mais uma estação para mim ler pelo menos mais uma página...
E virei leitor de fato, lia não mais para passar o tempo e sim por prazer e busca de conhecimentos. E assim os livros foram sumindo das caixas debaixo da cama do meu tio. Até hoje ele não sabe disso, aliás, até o momento que ler esse texto.
Sempre fui bom em redação, escrevia histórias com muita facilidade na época da escola, só não gostava de ler, ou não me ensinaram a gostar. Então comecei a colocar no papel tudo aquilo que via no meu cotidiano. Todas as cenas de injustiças sociais. Assim me sentia vingado, pois estava em um momento de inquietação e conflito. Meu padrasto havia acabado de desaparecer e eu virara chefe da casa, o único que tinha um emprego com apenas 19 anos de idade.
Precisava fazer alguma coisa para me extravasar: eu partia para o lado da pólvora (crime) ou para o lado do açúcar (cultura). Optei pelo açúcar, que às vezes é um pouco amargo. Então, todas as coisas que eu tinha para dizer colocava no papel em forma de rap ou de texto literário, e não mais me sentia pequeno. A partir daí percebi que eu poderia fazer um estrago muito maior com a literatura do que ao contrário se eu tivesse ido para o crime.
E assim comecei a ser mais seguro de mim mesmo, dono de minhas atitudes e dos meus atos. Toda vez que eu estou em algum local público e abro um livro, me sinto o todo poderoso, como se eu tivesse o bem mais precioso do mundo; e tenho”,
Sacolinha, Suzano (SP)
Fonte: Folha

ATIVIDADE:  

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