Vocês que fazem parte dessa massa | ||||||||
Que passa nos projetos do futuro | ||||||||
É duro tanto ter que caminhar | ||||||||
E dar muito mais do que receber… | ||||||||
E ter que demonstrar sua coragem | ||||||||
À margem do que possa parecer | ||||||||
E ver que toda essa engrenagem | ||||||||
Já sente a ferrugem lhe comer… | ||||||||
Refrão | ||||||||
Êeeeeh! Oh! Oh! | ||||||||
Vida de gado | ||||||||
Povo marcado, Êh! | ||||||||
Povo feliz!.. | ||||||||
Lá fora faz um tempo confortável | ||||||||
A vigilância cuida do normal | ||||||||
Os automóveis ouvem a notícia | ||||||||
Os homens a publicam no jornal… | ||||||||
E correm através da madrugada | ||||||||
A única velhice que chegou | ||||||||
Demoram-se na beira da estrada | ||||||||
E passam a contar o que sobrou… | ||||||||
Refrão | ||||||||
O povo foge da ignorância | ||||||||
Apesar de viver tão perto dela | ||||||||
E sonham com melhores tempos idos | ||||||||
Contemplam essa vida numa cela… | ||||||||
Esperam nova possibilidade | ||||||||
De verem esse mundo se acabar | ||||||||
A Arca de Noé, o dirigível | ||||||||
Não voam nem se pode flutuar… | ||||||||
Refrão | ||||||||
A composição foi feita com três estrofes Oitavas e uma Quadra-Refrão | ||||||||
repetida entre elas, que a definiram como Balada. O texto do Refrão, que nos | ||||||||
sugere como gado marcado, mostra a nossa acomodação diante da rotina social | ||||||||
a que nos permitimos submeter sem questionamentos. | ||||||||
Cada uma das Oitavas trás interpretações de fragmentos das previsões de | ||||||||
Huxley para a nossa sociedade, submetida a uma Educação Programada, que | ||||||||
nos tornaria limitados, nas Reações formais e dedutivas, diante das Ações | ||||||||
informais, mas educativas. | ||||||||
Essa primeira estrofe trás também, nos últimos quatro versos, a posição | ||||||||
contrária e submissa do Educador diante do quadro social que se mostrava | ||||||||
presente e sugeria um futuro óbvio de automação submissa. | ||||||||
A segunda estrofe longa sugere mostrar o trânsito da informação ancestral, via | ||||||||
radiodifusão e imprensa escrita, estampadas na velhice à beira da estrada da | ||||||||
vida, pesando pelo hoje, as qualidades do ontem diante das incertezas do | ||||||||
amanhã, baseadas no quadro descrito na primeira estrofe. | ||||||||
A última estrofe já é a narrativa do comportamento social contemporâneo e | ||||||||
consequente, previsto nas anteriores, onde o jovem, buscando se entender no | ||||||||
Presente com tais características, reconhece como melhores as gerações | ||||||||
passadas, assumindo finalmente à insegurança dos próprios passos, conforme | ||||||||
desejava a Educação prevista na primeira estrofe. | ||||||||
Ainda nessa última estrofe, o Zé contribuiu com algumas observações menos | ||||||||
proféticas, como o ser social aprisionado em seu próprio lar pela criminalidade | ||||||||
externa, numa idéia provavelmente capturada da composição O Hino da | ||||||||
Repressão (segundo turno), da Ópera do Malandro (o filme), Chico Buarque, | ||||||||
que diz: | ||||||||
A lei tem motivos | ||||||||
Pra te confinar | ||||||||
Nas grades do teu próprio lar | ||||||||
A criminalidade externa a que me refiro não é essa que observamos no cotidiano | ||||||||
de balas perdidas etc; mas, talvez, à que seguirá abaixo, que consta num | ||||||||
apócrifo editado pela primeira vez 25 anos antes do Admirável Mundo Novo: | ||||||||
“Um espírito equilibrado poderá esperar guiar com êxito as multidões por meio | ||||||||
de exortações sensatas e pela persuasão, quando o campo está aberto à | ||||||||
contradição, mesmo desarrazoada, mas que parece sedutora ao povo, que tudo | ||||||||
compreende superficialmente? Os homens, quer sejam ou não da plebe, guiam- | ||||||||
se exclusivamente por suas paixões mesquinhas, suas superstições, seus | ||||||||
costumes, suas tradições e teorias sentimentais; são escravos da divisão dos | ||||||||
partidos que se opõem a qualquer harmonia razoável. Toda decisão da multidão | ||||||||
depende de uma maioria ocasional ou, pelo menos superficial; na sua ignorância | ||||||||
dos segredos políticos, a multidão toma resoluções absurdas; e uma espécie de | ||||||||
anarquia arruína o governo. | ||||||||
A política nada tem de comum com a moral. O governo que se deixa guiar pela | ||||||||
moral não é político e, portanto, seu poder é frágil. Aquele que quer reinar deve | ||||||||
recorrer à astúcia e à hipocrisia. As grandes qualidades populares – fraqueza e | ||||||||
honestidade – são vícios na política, porque derrubam mais os reis dos tronos | ||||||||
que o mais poderoso inimigo. | ||||||||
Nosso fim é possuir a força. A palavra “direito” é uma idéia abstrata que nada | ||||||||
justifica. Essa palavra significa simplesmente isto: “Dê o que eu quero para eu | ||||||||
provar que valho mais que você!”. Onde começa ou acaba o direito? | ||||||||
Num estado em que o poder está mal organizado, em que as leis e o governo se | ||||||||
tornam impessoais por causa dos inúmeros direitos que o liberalismo criou, veio | ||||||||
um novo direito, o de me lançar, de acordo com a lei do mais forte, contra | ||||||||
todas as regras e ordens estabelecidas, derrubando-as; o de por a mão nas leis, | ||||||||
remodelando as instituições e tornando-me senhor daqueles que abandonaram | ||||||||
os direitos que lhes davam força, renunciando a eles, voluntariamente, | ||||||||
liberalmente…” | ||||||||
Os Protocolos Dos Sábios do Sião ( capítulo I ). Fonte |
"Se você pensa que pode ou se pensa que não pode, de qualquer forma você está certo."Henry Ford
domingo, 12 de dezembro de 2010
Admirável Gado Novo
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