domingo, 22 de agosto de 2010

Crônica do Aluno Willian Medeiros de Souza da Escola Reis Veloso -1ºG Professora: Valdelice Menezes


                                      A bebida castiga!


Na minha infância jogava bola e brincava bastante. Fiz ruas na terra, para passear com meus humildes carrinhos, fazendas de barro e areia, para habitar meus bonequinhos e também construía carros de rolimã, para “surfar” sobre o asfalto. Era divertido, não tinha como negar! Mas uma responsabilidade “engraçada”, batia na porta do meu coração, não a de sustentar uma casa, ou uma família, ou assumir um filho, mas a de buscar meu vô, após ter saído e demorado cerca de meia hora na rua, nessa situação, ele estava no bar, na certa!
Minha vó dizia assim: Seu vô saiu, não avisou, pegou a bicicleta, está demorando muito, vai buscá-lo que ele deve estar no bar. Era triste, quando ouvia isso da minha vó, sabia que a bebida alcoólica castigava e maltratava um cidadão, coitado do meu vô!
Despedia da galera do futebol, após a responsabilidade ter me chamado, despedia da pelada no asfalto, da bola meio murcha e dançarina, quando agredida por um “pé de chipa”, ela quicava no asfalto, tocava sutilmente no meio-fio, quase para dizer: vem me pegar, seus bolas murchas! Sempre jogávamos mal, comparado com o Ronaldinho, e bem, comparado ao Felipe Melo. Deixava os gols feitos de tijolos da casa da vizinha e dos pés cascudos, resultante do asfalto, para pegar minha bicicleta e ir à procura de meu vô, pelos bares do bairro ou deitado na calçada em algum lugar, isso era um dos meus maiores medos. Encontrava-o, batia em seu ombro e dizia que era hora de parar com a bebida, pagar a conta ou enrolar o dono do bar, caso fosse fiado e depois se equilibrar na estribeira para não cair. Já caímos uma vez na rua, duros como eucalipto sendo cortado, doeu muito em mim, mas no meu vô, a dor nem deu pinta, o corpo quente da bebida, foi como escudo em uma guerra contra o acaso.
Já encontrei o meu vô deitado no chão, dormindo na cadeira do bar e até mesmo, pagando bebidas para desconhecidos. Já notei que bêbado fala demais, não era diferente com meu vô, antes de irmos para casa ele contava toda história de seus companheiros de bar, me mostrava quem era legal e quem era carrancudo, quem tinha dinheiro bebia Vodka ou os “pés-rapados”, que bebia pinga com Jurubeba. Até ele se tocar, olhar no relógio e lembrar que ele tinha uma casa. Depois disso, ele se despedia de todos do bar, pegava sua bicicleta e ia remando o seu barco bambeando na rua, ou eu o levava nos ombros, ou na garupa da bicicleta.
        Durante essas várias idas e vindas do bar, em busca de meu võ, pude notar que a bebida castiga uma pessoa, ela vicia a pessoa e a faz como uma bola no domínio de Garrincha, quando ele fingia que ia para um lado e ia para outro, enganando seu marcador, assim como a bebida alcoólica, ela domina o cidadão, finge ser boa e atraente, mas o outro lado de sua aparência engana o individuo. Ela faz gol e o Diabo comemora a vitória na arquibancada, zombando do pobre coitado. Meu vô está sendo aconselhado por muitos e foge desse mal a cada dia, ao contrario de outras pessoas que sabem seus malefícios e continua nesse caminho cotidiano e perverso, sendo enganados pelo rótulo e escravizados pelo conteúdo da bebida alcoólica.

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